"Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres."
Sobre o autor
Padre António Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Salvador (Bahia), 18 de julho de 1697) foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes
personagens do século XVII em termos de política e oratória,
destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta
qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e
escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). António
Vieira defendeu também os judeus,
a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus
convertidos, perseguidos à época pela Inquisição)
e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura.
Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Na literatura,
seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem sua leitura.
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